- Virtudes e vícios da mente humana: Uma antologia de ensaios sobre caráter intelectual. Editado por Alexandre Ziani de Borba e Arthur Viana Lopes. Cachoeirinha: Editora Fi, 2024. 406p.
- Zagzebski, Linda Trinkaus. Virtudes da mente: Uma investigação sobre a natureza da virtude e os fundamentos éticos do conhecimento. Traduzido por Alexandre Ziani de Borba. Revisado no Laboratório de Epistemologia Contemporânea da Universidade Federal de Santa Maria.
- São raros os casos em que um livro nasce já um clássico. É o caso de Virtudes da mente, de Linda Trinkaus Zagzebski. Findado em 1995 e publicado no ano seguinte, este livro logo se tornou a grande referência para aqueles que trabalham a epistemologia com um enfoque em hábitos intelectuais — uma epistemologia “responsabilista” das virtudes, como se sói chamar. De acordo com os próprios autores das recomendações da série Oxford Bibliographies voltadas ao estudo de virtudes intelectuais, este livro é o “padrão-ouro do responsabilismo”. E não é para menos. Quem quer que pegue esta obra para estudá-la a fundo, verá que a filósofa realizou um projeto de fôlego: original, astuto, metódico, corajoso. Este livro notável é a primeira tentativa de estabelecer uma teoria do conhecimento baseada no modelo da teoria das virtudes em ética. O livro desenvolve o conceito de virtude intelectual, e então mostra como tal conceito pode ser usado para oferecer uma explicação dos principais conceitos em epistemologia, incluindo o conceito de conhecimento.
- Book review: Coliva, Annalisa. The Varieties of Self-Knowledge. London: Palgrave Macmillan, 2016. Manuscrito, 40 (3): 87-92.
- Resenha: Rescher, Nicholas. Epistemic Logic: A Survey of the Logic of Knowledge. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2005. Principia, 22 (3): 533-537.
- Uma investigação acerca da natureza da virtude intelectual e do seu estatuto enquanto ideal regulador da educação. 2020. Tese de Doutorado. UFSM: Repositório de Teses e Dissertações.
- Educando para as virtudes da mente: Uma investigação acerca da natureza da virtude intelectual e do seu estatuto enquanto ideal regulador da educação. Em revisão.
O uso de conceitos epistêmicos é inescapável ao discurso educacional. Não só conceitos educacionais básicos como ‘ensino’ e ‘aprendizado’ se referem a uma prática epistêmica e a um bem epistêmico, respectivamente, mas é também comum atribuir à educação o papel de formar nas pessoas qualidades epistêmicas como curiosidade intelectual, pensamento crítico e autonomia intelectual. Por essa razão, é impressionante que a epistemologia tenha se esforçado tão pouco para contribuir com a teoria educacional, e que esta última, por sua vez, tenha evitado se atualizar com respeito ao estado de arte da epistemologia contemporânea. Essa falta de contato entre ambas as áreas prejudica tanto a teoria quanto a prática educacional. Para corrigir isso, este livro busca fundamentar a teoria educacional num programa de pesquisa dominante em epistemologia contemporânea, a saber, a epistemologia das virtudes, desenvolvendo uma análise rigorosa e original do conceito de virtude intelectual e argumentando que um tal conceito provê à educação o padrão de avaliação por excelência.
- A ética da pesquisa científica: Um ensaio em filosofia da ciência. Previsão de término: julho de 2025. [Work in progress].
A disputa em torno do problema da demarcação insiste em buscar na metodologia da pesquisa científica a sua resposta. Este livro sugere que o que distingue a atividade científica da pseudocientífica é uma certa ética da pesquisa. Até aqui, questões éticas têm sido amplamente negligenciadas em filosofia da ciência e, quando levantadas, a discussão geralmente se dá em termos deônticos, girando em torno dos limites éticos da pesquisa científica e do avanço tecnológico. Essas discussões são importantes, é claro, mas elas tendem a ignorar uma terceira via em ética, a saber: a teoria das virtudes. Este livro propõe que uma ética da pesquisa científica fundada na teoria das virtudes é capaz de lançar luz a alguns dos problemas perenes da filosofia da ciência. Com um enfoque na noção de virtude intelectual, este livro propõe uma nova maneira de responder ao problema da demarcação.
- Os trabalhos desajeitados de Amor, ou Hélade enamorada. [Uma comédia pastoril].
Pã. Títiro, pastor de cabra, cabreado, / sentou-se pra cochilar, mas — diacho! — / um chiasco roçou-lhe a cachola. Olhou / pra cima e viu uma flecha espetada / na faia. Eu mesmo só ouvi os cochichos / que a floresta deu conta de espalhar. / O pastor? Levou flecha no traseiro. / Ouvi dizer que um menino travesso / veio tirar-lhe o sossego. Ai, que ódio! / Pois eu protejo os pastores daqui. / Tirava um cochilo tranquilo. E agora? / Me ponho a trabalhar pelos pastores. / Ali vejo o menino. Juro que vou / te dar uns ‘para-te quieto’, moleque! / […]
- Reflexões sobre a intolerância dos homens. [Um ensaio em filosofia antropológica].
A intolerância — não a violência, meu bom Sr. Padilha —, é contemporânea do homem. Pois, se se prestar bem atenção, não é a mesma violência tão comum aos outros animais? Acaso não é violento um hipopótamo que mata um inofensivo impala que só por sede se aproxima d’água? Acaso não é com violência que sanguinários leões disputam um território e devoram prole alheia? E não são com violentas artimanhas que os chimpanzés predam um pobre macaquinho? Mas acaso há nesses casos uma razão sequer para invocar a intolerância na explicação de tais comportamentos? Não! Vou mais além: se me for concedido que em cada caso de predação entre animais há um mínimo sinal de violência, ver-me-ei obrigado a declarar que a violência é tão antiga quanto o Cambriano! A intolerância, por sua vez, coincide com a modernidade comportamental. A intolerância — e não a violência, ó meu bom Sr. Padilha! — é contemporânea do homem.
- Lícia. [Um estudo sobre o amor e o ódio]
Se Apeles desejar pintar o Amor, / talvez careça de decentes cores. / Porém, representá-lo é o que basta: / sua silhueta conhecemos todos: / Cupido vem armado de arco e flecha, / e asas voláteis qual os seus caprichos. / […] / Quem pode ao peito os pés pulsar com força, / com os mesmos pés, compor tão ternos cantos; / quem pode um pé roubar soberba tanta, / e a servidão, impor com pés descalços; / quem pode cochichar ao pé do ouvido, / com baixa voz, instar guerreiro ânimo; / quem pode enamorar lançando flechas; / tingir as faces de engelhada gente. / Se Apeles desejar pintar o Amor, / anseio possa colorir cupidos. / *** / Falei sobre Sofia, a minha ave; / Lícia julgou que a preferi a ela. / Não te envergonhas, Lícia, de invejar / uma avezinha? Pois beijinhos dou / nas duas, mas com amores diferentes: / teus lábios mordo; seu biquinho, mimo. / Seria o mesmo Amor tão infantil? / Se crês, permita-me despir o engano: / brindemos às delícias do banquete, / e possa Aspásia te perder em fama.
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